O lado feio do tapete vermelho

maio 18, 2013

Publicado hoje, n'O Globo.



As origens do famoso tapete vermelho remontam desde a época da Grécia antiga e os historiadores não sabem precisar exatamente quando começou a tradição. É certo, no entanto, que hoje em dia não há festival ou comemoração de luxo que se preze que não conte com a perpetuação deste curioso hábito milenar. Naturalmente, Cannes, um dos maiores festivais de cinema do mundo, obedece a tradição grega e estira, diariamente, 3 tapetes vermelhos ao longo dos 10 dias de festival.

Martin Esposito é um francês de 36 anos que passou a sua adolescência atrás de ondas para fazer windsurf e, sempre em contato íntimo com a natureza, acabou virando um ativista ecológico. Com família na Côte d'Azur, em 2008 decidiu começar a fazer um documentário sobre os lixões que via em torno da sua região, considerada uma das mais belas da França. Foi aí que, um dia, Martin viu um caminhão chegar com quilômetros de tecido vermelho e logo se deu conta de que se tratava do tapete onde as estrelas cinematográficas caminham diariamente em direção a projeções e premiações.

Deste contato, surgiu o filme "Super Trash", que acabou inspirando entidades de apoio ao meio-ambiente a fazerem uma petição online sugerindo que, em Cannes, se trocasse o tapete vermelho uma vez ao dia, em vez de 3, economizando, assim, cerca de 12 quilômetros de tecido que, invariavelmente, serviriam para que as estrelas caminhassem por algumas horas e depois para entupir rios e matar vida durante anos. Uma vez por dia me parece uma concessão bem razoável, não é?

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