Entrevista com a Bande Ciné

junho 29, 2010

Há algum tempo venho acompanhando o trabalho de uma banda brasileira chamada Bande Ciné. Eles são lá do Recife e super simpáticos, além de produzirem um som super legal. Entrei em contato com eles para pedir uma entrevista que vocês podem conferir aqui embaixo. Para conhecer melhor o trabalho desta banda que canta em francês com um sotaque pernambucano, visite o MySpace deles


SCDP: Eu vou começar fazendo a pergunta que todo mundo me faz e que eu nem gosto tanto de responder, mas não tem outro jeito: por que a música francesa?

BC: O motivo foi uma forte identificação musical com o que estava sendo feito no cenário cultural do anos 60 na França e com a sonoridade muito inventiva de vários artistas dessa época. O nosso link foi pelo som, obviamente o idioma influencia muito na forma como ouvimos uma canção e a sonoridade do idioma Francês. Um outro grande motivo foi o fato de ter encontrado um contexto bastante diversificado de artistas e sonoridades que estavam ligados a uma vanguarda mundial e conectados com várias outras culturas. Essa geração foi um pouco ofuscada pela beatlemania, artistas como Serge Gainsbourg e France Gall tem pouco reconhecimento fora da França. Foi interessante também porque passamos a compor usando a língua francesa e misturando com o português. Acho que foi por aí....

Conta pra gente um pouco de quem são as pessoas que fazem parte do Bande Ciné, de onde elas vem e onde se conheceram.

BC: Todos da Bande Ciné são músicos e já tocavam em outras bandas, moramos todos aqui em Recife, a maioria na zona norte da cidade. Tati cantava em outras bandas, como a Lady Sings the blues e já nos conhecemos há um bom tempo. Thiago Suruagy (bateria) toca comigo desde há 10 anos. Márcio Oliveira (trompete) tocou comigo e com Thiago na Vermute e toca em várias bandas e artistas aqui da cidade, sobretudo um que gosto muito chamado Zé Cafofinho. Bruno Vitorino já tocava em algumas bandas e está se tornando um arranjador, ele coordena isso na Bande Ciné, começou a fazer isso também para outras bandas e está começando a montar um trabalho autoral explorando a linguagem do jazz, sobretudo o freejazz. Vale a pena também falar de Demóstenes Macaco um grande parceiro meu que já tocou trompete na bande e hoje se dedica ao seu grupo de samba o Trio Pouca Chinfra e Andre Sette que tocou teclado conosco que toca na Anjo Gabriel. Eu toquei com alguns grupos e hoje toco guitarra e efeitos na Ínsula. Bom, como deu pra perceber em Recife os músicos se dividem em várias bandas e projetos e a Bande Ciné termina sendo influenciada por todos esses sons que ouvimos e tocamos com vários outros músicos.

O Myspace de vocês diz que, além de músicas francesas, vocês tocam "Tu vuò fà l'americano", que é cantada no dialeto napolitano e aparece no filme "O talentoso Ripley". Além disso, vocês dizem interpretar também a música tema do "Bicicletas de Belleville". Muita referência cinematográfica, né? Explica pra gente isso e o porquê do nome da banda.

BC: Total. O nome Bande Ciné é um trocadilho com bande dessiné que em francês significa história em quadrinhos, mas pode significar também banda de cinema ou bando (grupo) do cinema. Então, tem totalmente a ver. Os artistas que nos inspiraram atuaram em filmes, Bardot, Jane Birkin, todos tinha uma ligação forte com o cinema e a imagem visual, Gainsbourg foi diretor e roteirista também, além de todo mundo gostar de cinema. As trilhas musicais são uma forte inspiração para gente, tanto que acabamos compondo a música Perdizes para uma personagem do curta-metragem "Minha alma é irmã de Deus" da diretora Luci Alcântara inspirado no livro homônimo de Raimundo Carrero. Talvez tenha uma longa-metragem e devemos também estar presente nesta trilha. Espero que continue rolando novos convites para Bande Ciné fazer trilhas para filmes.

E quando sai disco? Conta um pouco dos planos para o futuro.

BC: Pois é, eu também gostaria de dizer uma data precisa, mas estamos no meio do processo. As músicas já estão compostas, mas estamos trabalhando nos arranjos e na pré-produção das músicas. Acho que em 2011 este disco vai sair, mas por enquanto vamos deixando as coisas tomarem forma, para não tirar o brilho. hehehehe. Continuamos apresentando nosso show, colocando novas músicas e tocando algumas das músicas que farão parte do disco. Fizemos um show bem emocionante esse ano abrindo para a banda francesa Nouvelle Vague em Olinda e fomos em João Pessoa pela primeira vez. Nossa ideia é conseguir rodar também por outras cidades, espero que pinte uma oportunidade de ir na sua terra (Belo Horizonte). Quando o disco tiver para ser lançado, nós damos o toque.

Para fechar, uma pergunta meio piada, meio séria. Enquanto procurava saber mais sobre vocês, acabei dando de cara com uma "Banda Cine", que é do interior de São Paulo e, aparentemente, tem um público grande e nada a ver com o de vocês. Tem muita gente que faz confusão? Alguma história engraçada? Já chegaram a pensar em trocar de nome por causa disso?

BC: É engraçado, não rola muita confusão, só rolou algumas vezes no twitter, por erros de digitação. Mas, na prática acho que temos estilos e públicos tão diferentes que não dá muito problema. 

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