Melhores da música francesa (por Rafael Cury)
dezembro 18, 2009O ouvinte e meu novo amigo Rafael Cury enviou a sua lista de Melhores discos da música francesa da década.
Rafael atualmente vive no norte da França depois de passar muitos anos em Paris. É engenheiro metalurgista (!!) e trabalha na indústria francesa. Gosta um pouco de fofoca e tem um lado brega do qual se orgulha muito. É do tipo que gosta de criar polêmica e sente prazer em ser do contra.

Há que se dizer que não houve música popular na França durante a década. Houve TELEREALITE. E para aquele que fechou o olho para esse tipo de mídia, está perdendo o bonde da história. Olívia foi colocada na tormenta da Star Academy mas saiu com a cabeça em pé. Não é à toa que ela é a única a ter projeção mais respeito. O disco é impecável, com músicas deliciosas como a faixa título ou entao "J'traine des pieds". Conta com a participação especial de Têtes Raides e, claro, Mathias Malzieu. Um must!

O tocaio aí de cima demorou para decolar na década. Mas conseguiu fazer um álbum muito sensível; uma voz bem particular, e com hits legais como "Caravane" e mesmo, o que eu considero a canção francesa da década: "Et dans 150 ans" - que tem um texto que chega ser mais refinado que "Avec le temps" que
foi feita para um macaco.

Ok, entao os queridinhos que só gostam de musica cool de corocos velhos como Henri Salvador... Tem um som na França que vem mais lá de baixo, que nao é baile funk e que é de uma inteligência memorável. Diam's fez nesse disco 15 metralhadoras contra tudo e todos. E é admirada pela geração jovem sem acesso/sem saída e das crianças também. Ela popularizou o rap e o hip/hop na França. Destaque para as finíssimas "La boulette", "Dans ma boule" e "Jeune demoiselle".

Esse album é fantastico. E quem viu tambem sur scene, não se arrependeu. Uma mistura de Rock, punk e Tim Burton. As pessoas pensam que Dyonisos tem um "unvierso particular" mas se enganam: a música é bem mais acessível e universal do que ela deixa transparecer. Mathias Malzieu é o músico da minha geração. Alguns acham que há uma clara influência dos "White Stripes". Eu acho até mais criativo.

Fãs de Kraftwerk, saiam das tuas covas e levantem e dancem. O duo eletrônico fez meio mundo pular com "One More Time", "Aerodynamic" e "Something About Us". O interessante de "Discovery" foi que nesse álbum, textos foram incorporados as músicas, mas era como se não fosse. A dupla continua cultivando um certo mistério apesar de que os filmes e clips com estética setentista japonesa já fazem tambem parte de qualquer festa que se preze. E olha, quem acha que a França não faz musica eletrônica, tá meio por fora!

Do lado completamente oposto do "Daft Punk" (e o seu título "Human after all"), confesso que comecei a gostar desse cara depois de "Louxor J'adore", hit maximo do álbum. Mas a coisa não ficou por aí. Katerine pos o som e tirou o som da França inteira e fez mais: músicas como "Etre humains", "11 septembre" , "Patati Patata" e 20.04.2005 sobre Marine Le Pen são divertidas. Continua sendo alternativo demais para alguns, louco para outros.

Ok, o primeiro impressionou com a participação de Camille, o som groovy bossa nova e new wave oitentista finíssimo. O segundo é de arrepiar: não dá MESMO para parar de escutar "Heart of Glass" mas destaco "O Pamela" , "Don't go" dentre outras. O projeto "Nouvelle Vague" não só pôs Camille no mundo mas também a fantástica extraordinária deliciosa Melanie Pain*. A conferir na década seguinte!
*NE: A editora deste blog concorda plenamente com essa frase.

Não houve uma viva alma que nao ficou impressionado com a nota Si que é o fio condutor do álbum. Poderia ter ficado chato, monocromático, mas longe disso. Outro que não pode faltar na coleção de quem gosta de boa música.

Eu vou chover um pouco no molhado e colocar na lista algo que eu critiquei em listas alheias: escolhas um tanto quanto óbvias. Não, não se trata de um canto de cisne apesar de ser o último com Fred Chinchin. O disco inteiro é de um pop puríssimo, fantástico. Escutei "Ding ding dong" até furar! "Terminal beauty" é uma pérola também!

Certo, o fato de viver longe de Paris me mostrou que na verdade, Paris está longe de ser representativo da França. A dita "França profunda" é bem menos profunda do que parece. O deboche pode ser inteligente, engraçado, divertido e até (porque não?) universitário. Músicos excelentes que são capazes de tocar (literalmente) todo o tipo de música animam desde o Baile da Tia Jeanette até o Stade de France. Os shows são também muito legais: o público vai fantasiado. É o que a França consegue chegar mais próxima de um carnaval sur scene.
3 comments
Ola!
ResponderExcluirTenho uma dúvida, e penso que talvez possam me ajudar, ouvia há tempos atras o programa da Rádio Imprensa, O Melhor da canção Francesa e tinha um cantor que sempre tinha suas músicas apresentadas, acho que seu nome (perdoem-me se esta escrito errado) Andre Peron, pelo que me lembro, pergunto se realmente existe um cantor com este nome, pois pesquisei e não consegui achar, espero que possam me ajudar, pois suas músicas (não consegui lembrar o nome de nenhuma agora) ainda ecoam em minha memória...
Desde já grata.
Sim. Se chama André Peyron.
ExcluirSim, minha mae é absolutamente fanatica por ele. E por musica francesa em geral. vc pode escrever a ela anaburdick@hotmail.com coloque o título Clube dos Amigos da Cancao Francesa. Minha mae é a Ana Maria do pezinho novo.
ResponderExcluirboa sorte